Coronel preso por desvios no Fundo de Saúde é investigado por fraudes na compra de capim para a PM do Rio

10-01-2016 23:01

 

Depoimento revela que proposta mais cara venceu licitação para fornecimento de capim
Depoimento revela que proposta mais cara venceu licitação para fornecimento de capim Foto: Paula Giolito / Agência O Globo
Rafael Soares
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Após botar atrás das grades a quadrilha acusada de desviar dinheiro do Fundo de Saúde da PM (Fuspom), o MP está investigando fraudes em compras de capim para os cavalos da corporação. As novas investigações são motivadas pela citação, num depoimento anexado ao inquérito que apurou as fraudes na saúde, de um dos coronéis presos como envolvido numa das compras suspeitas. De acordo com o relato, o coronel Kleber dos Santos Martins, ex-diretor de Finanças da PM — preso desde 18 de dezembro do ano passado — contratou, no início de 2014, “a empresa Comercial Cedro Ltda. pelo valor unitário de R$ 1,15 (o quilo), em ofensa aos princípios do interesse público, do menor preço e da maior vantajosidade para a administração pública”.

O depoimento, obtido pelo EXTRA, foi dado em 10 de março de 2015 por dois representantes da empresa Verdejo Comércio de Forragens Ltda., que perdeu a concorrência e denunciou ao MP que a PM celebrou “contratos inquinados (corrompidos) de ilegalidades” na compra de capim. Na época, a Verdejo vendia capim à PM pelo preço de R$ 0,39 — três vezes menor do que o oferecido pela Comercial Cedro. Os representantes da empresa alegam que não participaram do novo pregão por não terem sido comunicados de sua existência e afirmam ter alertado o coronel sobre “a prática do menor preço do mercado e a necessidade de um novo pregão”, que não aconteceu. Em fevereiro de 2014, a Comercial Cedro assinou um contrato de R$ 1.298.800,80 com a PM.

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No inquérito que investigou desvios no Fuspom, Kleber foi denunciado como um dos chefes da quadrilha. Ele é acusado de ser “responsável pela montagem da estrutura administrativa da organização criminosa”.

Os indícios de “irregularidades em certames direcionados à aquisição de capim” motivaram a abertura de dois inquéritos a pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco): um na 24ª Promotoria de Investigação Penal, para apurar crimes licitatórios, corrupção e falsidade documental por parte da empresa, e outro na Corregedoria da PM, para investigar crimes militares.