Curso de treinamento coloca em risco Agentes de Segurança do Tribunal-Servidores foram ameaçados por Traficantes de Comunidade da Ilha do Governador

08-01-2011 15:42

 

O último dia de curso da primeira

turma de treinamento para

agentes de segurança do Tribunal

Regional do Trabalho do Rio

(TRT) colocou em risco a integridade

física dos participantes.

Para cumprir o cronograma das

atividades, um grupo de 30 servidores

do tribunal foi levado, no

mês passado, pela empresa responsável

pela capacitação a uma

comunidade da Zona Norte da

cidade onde teria aulas de defesa

pessoal. Neste dia, segundo

denúncias que chegaram ao sindicato,

e confirmadas pelo setor

de segurança do tribunal, ao chegarem

no local os agentes foram

ameaçados por traficantes da região

e tiveram que sair às pressas

de lá. O treinamento seria realizado

em um dos acessos ao Morro

do Dendê, no bairro Cocotá,

na Ilha do Governador. O curso

é organizado pela Escola de Administração

e Capacitação de Servidores

do TRT (Esac).

“(...)O que estava sendo ensinado

estava fora da realidade

do que fazemos no TRT, por essa

razão vários colegas só ficaram

cumprindo as horas determinadas

em lei”, questiona um dos

participantes do curso, que não

quis se identificar, em e-mail

enviado à direção do Sisejufe.

De acordo com o chefe da Divisão

de Segurança do TRT, Jedaías

Emerson Ferreira, os participantes

da primeira turma de

treinamento fizeram contato

com ele, ainda no local, questionando

o lugar escolhido para a

realização das aulas de defesa

pessoal. Eles relataram o que

acabara de ocorrer. “De imediato,

fizemos contato com a Esac

para saber o que estava acontecendo

e retirar o pessoal de lá.

Eles foram levados para um clube,

onde o treinamento ocorreu

sem problemas”, afirma.

Os relatos dos participantes

demonstra que a empresa responsável

pelo curso não tem

conhecimento das áreas de perigo

do Rio de Janeiro. A capacitação

dos agentes está a cargo

da Tees Brazil, cuja sede é no

Paraná. “Acho que foi uma escolha

infeliz pelo fato da empresa

não ser do Rio. Mas se tivessem

pedido nossa ajuda, nossa

opinião. Esse episódio não teria

ocorrido. Que sirva de lição.

Felizmente nada de pior aconteceu”,

ressaltou o chefe da Divisão

de Segurança.

Para o diretor do Sisejufe Nilton

Pinheiro, que também é

agente de segurança do TRT,

houve um descuido na escolha

do local de treinamento o que

acabou expondo os participantes

a uma situação de grande risco.

Ele disse que o sindicato vai

cobrar dos organizadores mais

cuidado na hora da organização

dos módulos de capacitação.

“Não somos contra o treinamento.

Mas é preciso ter mais

cuidado. Se a escolha do local

foi da empresa, a Esac deve cobrar

explicações. Uma companhia

que atua no ramo de segurança

deve ter essa preocupação”,

advertiu o diretor.

No entanto, quem esteve no

local se sentiu ameaçado pela

ousadia dos traficantes que praticamente

expulsaram os agentes

da região. Por muito pouco a

situação não terminou numa tragédia

digna das páginas mais sangrentas

do noticiário policial. Fe- * Da Redação.

lizmente não houve maiores problemas,

mas o susto foi grande.

“(...)Mais o fato importante é

que lá pelo “meio” das aulas o

“instrutor” da empresa recebeu

uma ligação dos traficantes locais

mandando encerrar o curso

ou todos os presentes seriam

mortos. Imaginem a cena, vários

agentes com seus portes federais,

armados no meio da comunidade

sendo ameaçados por

traficantes. Tivemos que fugir de

lá as presas e alguns até deixaram

os seus carros e pertences

para trás. Foi uma cena lamentável

que só perdeu para a qualidade

das aulas (...)”, continua

em outro trecho o relato de um

dos participantes.

O chefe da Divisão de Segurança

do TRT informou que solicitará

que os próximos cursos

tenham a supervisão da setor. A

ideia é antes que seja marcada

alguma aula de campo, antes a

divisão faça uma análise do local

onde elas irão acontecer. O

responsável pela divisão disse

que pediu aos participantes que

relatassem por escrito o que havia

ocorrido para que providências

fossem tomadas. Os cursos

são de quatro dias, sendo oito

horas de duração a cada dia. Procurada

pela reportagem do Contraponto,

a direção da Esac não

retornou as ligações até o fechamento

dessa edição.

Fonte SISEJUFE-Jornal Contra Ponto