Curso de treinamento coloca em risco Agentes de Segurança do Tribunal-Servidores foram ameaçados por Traficantes de Comunidade da Ilha do Governador
O último dia de curso da primeira
turma de treinamento para
agentes de segurança do Tribunal
Regional do Trabalho do Rio
(TRT) colocou em risco a integridade
física dos participantes.
Para cumprir o cronograma das
atividades, um grupo de 30 servidores
do tribunal foi levado, no
mês passado, pela empresa responsável
pela capacitação a uma
comunidade da Zona Norte da
cidade onde teria aulas de defesa
pessoal. Neste dia, segundo
denúncias que chegaram ao sindicato,
e confirmadas pelo setor
de segurança do tribunal, ao chegarem
no local os agentes foram
ameaçados por traficantes da região
e tiveram que sair às pressas
de lá. O treinamento seria realizado
em um dos acessos ao Morro
do Dendê, no bairro Cocotá,
na Ilha do Governador. O curso
é organizado pela Escola de Administração
e Capacitação de Servidores
do TRT (Esac).
“(...)O que estava sendo ensinado
estava fora da realidade
do que fazemos no TRT, por essa
razão vários colegas só ficaram
cumprindo as horas determinadas
em lei”, questiona um dos
participantes do curso, que não
quis se identificar, em e-mail
enviado à direção do Sisejufe.
De acordo com o chefe da Divisão
de Segurança do TRT, Jedaías
Emerson Ferreira, os participantes
da primeira turma de
treinamento fizeram contato
com ele, ainda no local, questionando
o lugar escolhido para a
realização das aulas de defesa
pessoal. Eles relataram o que
acabara de ocorrer. “De imediato,
fizemos contato com a Esac
para saber o que estava acontecendo
e retirar o pessoal de lá.
Eles foram levados para um clube,
onde o treinamento ocorreu
sem problemas”, afirma.
Os relatos dos participantes
demonstra que a empresa responsável
pelo curso não tem
conhecimento das áreas de perigo
do Rio de Janeiro. A capacitação
dos agentes está a cargo
da Tees Brazil, cuja sede é no
Paraná. “Acho que foi uma escolha
infeliz pelo fato da empresa
não ser do Rio. Mas se tivessem
pedido nossa ajuda, nossa
opinião. Esse episódio não teria
ocorrido. Que sirva de lição.
Felizmente nada de pior aconteceu”,
ressaltou o chefe da Divisão
de Segurança.
Para o diretor do Sisejufe Nilton
Pinheiro, que também é
agente de segurança do TRT,
houve um descuido na escolha
do local de treinamento o que
acabou expondo os participantes
a uma situação de grande risco.
Ele disse que o sindicato vai
cobrar dos organizadores mais
cuidado na hora da organização
dos módulos de capacitação.
“Não somos contra o treinamento.
Mas é preciso ter mais
cuidado. Se a escolha do local
foi da empresa, a Esac deve cobrar
explicações. Uma companhia
que atua no ramo de segurança
deve ter essa preocupação”,
advertiu o diretor.
No entanto, quem esteve no
local se sentiu ameaçado pela
ousadia dos traficantes que praticamente
expulsaram os agentes
da região. Por muito pouco a
situação não terminou numa tragédia
digna das páginas mais sangrentas
do noticiário policial. Fe- * Da Redação.
lizmente não houve maiores problemas,
mas o susto foi grande.
“(...)Mais o fato importante é
que lá pelo “meio” das aulas o
“instrutor” da empresa recebeu
uma ligação dos traficantes locais
mandando encerrar o curso
ou todos os presentes seriam
mortos. Imaginem a cena, vários
agentes com seus portes federais,
armados no meio da comunidade
sendo ameaçados por
traficantes. Tivemos que fugir de
lá as presas e alguns até deixaram
os seus carros e pertences
para trás. Foi uma cena lamentável
que só perdeu para a qualidade
das aulas (...)”, continua
em outro trecho o relato de um
dos participantes.
O chefe da Divisão de Segurança
do TRT informou que solicitará
que os próximos cursos
tenham a supervisão da setor. A
ideia é antes que seja marcada
alguma aula de campo, antes a
divisão faça uma análise do local
onde elas irão acontecer. O
responsável pela divisão disse
que pediu aos participantes que
relatassem por escrito o que havia
ocorrido para que providências
fossem tomadas. Os cursos
são de quatro dias, sendo oito
horas de duração a cada dia. Procurada
pela reportagem do Contraponto,
a direção da Esac não
retornou as ligações até o fechamento
dessa edição.
Fonte SISEJUFE-Jornal Contra Ponto