Prisão modelo no Arizona deveria ser exemplo para o mundo todo.Lá o preso trabalha, diferente do Brasil que o criminoso é sustentado por nós~Bruno Wille

06-09-2017 12:39

Prisão ao ar livre obriga detentos a usar cuecas rosas no Arizona


por Bruno Wille

 

Joe Arpaio é o xerife do Condado de Maricopa no Arizona, Estados Unidos, já há bastante tempo e continua sendo reeleito a cada nova eleição.

Ele criou a “cadeia-acampamento”, que são várias tendas de lona, cercadas por arame farpado e vigiado por guardas como numa prisão normal.

Baixou os custos da refeição para 40 centavos de dólar que os detentos,inclusive, têm de pagar.

Proibiu fumar, não permite a circulação de revistas pornográficas dentro da prisão e nem permite que os detentos pratiquem halterofilismo.

Começou a montar equipes de detentos que, acorrentados uns aos outros, (chain gangs), são levados à cidade para prestarem serviços para a comunidade e trabalhar nos projetos do condado.

Para não ser processado por discriminação racial, começou a montar equipes de detentas também, nos mesmos moldes das equipes de detentos.

 

Cortou a TV a cabo dos detentos, mas quando soube que TV a cabo nas prisões era uma determinação judicial, religou, mas só entra o canal do Tempo e da Disney.

Quando perguntado por que o canal do tempo, respondeu que era para os detentos saberem que temperatura vão enfrentar durante o dia quando estiverem prestando serviço na comunidade, trabalhando nas estradas,construções, etc.

Em 1994, cortou o café, alegando que além do baixo valor nutritivo, estava protegendo os próprios detentos e os guardas que já haviam sido atacados com café quente por outros detentos, sem falar na economia aos cofres públicos de quase US$ 100,000.00/ano.

Quando os detentos reclamaram, ele respondeu:

– Isto aqui não é hotel 5 estrelas e se vocês não gostam, comportem-se como homens e não voltem mais.

Distribuiu uma série de vídeos religiosos aos prisioneiros e não permite quaisquer outros tipos de vídeo na prisão.

Com a temperatura batendo recordes a cada semana, uma agência de notícias publicou:

Com a temperatura atingindo 116º F (47º C), em Phoenix no Arizona, mais de 2000 detentos na prisão acampamento de Maricopa tiveram permissão de tirar o uniforme da prisão e ficar só de shorts, (cor-de-rosa), que os detentos

recebem do governo.



Leda Balbino, iG São Paulo
Joe Arpaio, xerife do condado de Maricopa, no Arizona, exibe algema rosa usada nas prisões sob seu comando
Não há sensação de ameaça enquanto se caminha sobre os cascalhos de Tent City, prisão ao ar livre na capital do Arizona, Phoenix, montada em tendas de acampamento e planejada por Joe Arpaio - o autointitulado “xerife mais durão da América” .

O que há é uma sucessão de olhares cansados de prisioneiros que sabem ter-se tornado alvo de curiosidade por serem humilhados ao uso compulsório de cuecas, lençóis e toalhas cor de rosa bebê ou pink e por terem de assar durante o verão em barracas de lona sob o calor de 45ºC do Deserto de Sonora.

À medida que o visitante, acompanhado por um oficial armado com uma pistola e óculos de sol, invade com uma câmera a privacidade de seus beliches de lençóis revirados, os presos com uniformes listrados que parecem saídos de desenhos animados voltam aos poucos à rotina de conversar, ler ou simplesmente esperar o tempo passar.

Proposta por Joe Arpaio em 1992 na campanha eleitoral para xerife do condado de Maricopa (que inclui Phoenix), Tent City foi erguida no ano seguinte pelos próprios detentos em tendas do Exército americano e cercada por grades cobertas com camuflagem também cedida pelos militares dos EUA. No local, uma torre de observação de 15,4 metros de altura pisca durante as 24 horas do dia uma placa com o sinal de “Vacancy” (Há Vagas, em tradução livre).

Segundo o xerife de 78 anos, que em 2012 disputa o sexto mandato consecutivo, o luminoso de lâmpadas vermelhas tem o objetivo de mostrar aos criminosos que sempre haverá lugar nas seis prisões - incluindo Tent City - sob seu comando. “Custou US$ 150 mil montar essa cadeia, enquanto uma prisão normal para 2 mil pessoas custaria US$ 8 milhões. Poupei muito dinheiro”, disse em entrevista ao iG .

Para economizar mais, Arpaio não terceiriza a manutenção de seu sistema prisional, delegando aos detentos de Tent City as atividades como produção dos alimentos ou limpeza das instalações.

“Tent City está vazia agora porque os presos estão trabalhando”, explicou o oficial Bunch, de 34 anos, durante visita do iG ao local, onde o ex-marine presta serviço desde 2005. “Os que estão aqui foram dispensados por razões médicas ou por serem um número superior ao necessário para a execução das atividades”, explicou.

A prisão é composta por dois pátios, que atualmente abrigam 1,5 mil prisioneiros. No ‘N’ ficam os americanos ou imigrantes legais, que foram condenados por crimes como dirigir sob a influência de álcool ou outras drogas (DUI, na sigla em inglês) ou portar entorpecentes. Segundo Arpaio, os acusados de crimes violentos, como estupro e assassinato, ficam nas cadeias tradicionais em vez de em Tent City.

Imigração ilegal

No Pátio ‘O’ estão os prisioneiros com pendências judiciais com agências americanas ou com outros países e os imigrantes sem documentos, explicou Bunch. “Eles foram presos por cometer delitos como o DUI, por dirigir sem carta de habilitação, por portar drogas ou por ser coiotes (ajudar imigrantes a cruzar a fronteira dos EUA ilegalmente)”, afirmou o oficial.

nullDos “8 mil a 10 mil” presos em suas seis cadeias, 15% são imigrantes ilegais e, segundo Arpaio, a maioria está presa à espera de comparecer perante a Justiça por vários tipos de crimes. O xerife, porém, nega a acusação de seus críticos de que usa critérios raciais para prender deliberadamente no condado de Maricopa os que não têm documentos, mesmo que não tenham cometido nenhum delito.

Segundo o mexicano de Chihuahua Vitor Hugo, de 29 anos, o motivo de ele e outros estarem no Pátio ‘O’ é “apenas o fato de não ter papéis”. Detido em janeiro após ser parado no trânsito, Vitor Hugo cumpre em Tent City uma pendência judicial por estar nos EUA apesar da advertência de que seria sentenciado a seis meses se retornasse ao país após a deportação.

Com audiência marcada para 10 de novembro, o mexicano pode ser expulso mais uma vez, mas indicou que deve continuar desafiando a Justiça dos EUA. Com sua mulher e duas filhas também no país, ele afirma que o risco de retornar ilegalmente vale a pena apesar da recessão econômica americana. “Mesmo ruim, a situação aqui é melhor do que a do México”, afirmou.

Métodos heterodoxos

Por causa de suas instalações e métodos incomuns, Tent City atrai a curiosidade de policiais, jornalistas e público em geral. Por um número de telefone, é possível agendar visitas gratuitas para grupos de no máximo 20 pessoas. "Basicamente, essa não é uma prisão típica”, disse Bunch justificando o interesse.

Os curiosos querem ver os prisioneiros nas barracas com as heterodoxas meias, toalhas, lençóis e cuecas rosas, tom adotado em todas as seis cadeias sob o comando de Arpaio. “Quando utilizávamos peças brancas, os presos as roubavam ao serem libertados”, contou Bunch.

O efeito publicitário da medida foi tão bem-sucedido que o pink virou até a cor das algemas, numa marca registrada de Arpaio não por referir-se indiretamente à sua masculinidade, mas por ter o objetivo de humilhar a alheia. “Os presos odeiam pink. Por que lhes daria uma cor de que gostam?”, indagou. “Em relação às algemas, as temos dessa cor para evitar que sejam levadas sem querer por agentes de outros departamentos que usam nossas prisões.”

Os prisioneiros não têm permissão de ler revistas masculinas e têm acesso a apenas quatro canais de TV: CNN, Weather Channel (do tempo), ESPN e Food Network (de receitas). Também não podem receber alimentos de seus parentes, que apenas têm permissão de depositar em uma conta do detento dinheiro para ser usado na compra de guloseimas em máquinas de venda automática.

“Nós alimentamos os presos, que têm de comer a minha comida, que não é boa. Não vai acontecer de deixarmos que alguém traga um bife ou uma pizza de pepperoni para eles”, afirmou Arpaio.

 

O mexicano de Chihuahua Vitor Hugo, de 29 anos, diz que motivo de estar em Tent City é fato de ser imigrante ilegal. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo 'Atenção, aliens (imigrantes) ilegais são proibidos de visitar qualquer pessoa nessa prisão' - xerife Joe Arpaio. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo  Cartaz na recepção da cadeia: 'Quando quiser reclamar de Tent City, pense quão difícil é a vida de nossos soldados no Iraque' - Joe Arpaio. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Armas caseiras apreendidas com prisioneiros. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Entrada de Tent City. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Camas vazias em Tent City: maioria dos detentos trabalham fora da prisão durante o dia. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Torre de observação de 15,4 metros de altura com o sinal de ¿Vacancy¿ (Há Vagas, em tradução livre). Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Presos falam ao telefone no Pátio 'N', onde ficam americanos e imigrantes legais. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Prisioneiros no Pátio 'O', onde ficam imigrantes ilegais. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Presos limpam refeitório de Tent City. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Presos recolhem lixo de refeitório de Tent City. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Local onde parentes falam com prisioneiros de Tent City. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Oficial Bunch, de 34 anos: 'Em Tent City posso manter meu bronzeado'. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Mural expõe fotos e notícias sobre o xerife Joe Arpaio e Tent City. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo Algema rosa usada nas prisões sob comando do xerife Joe Arpaio. Foto: Leda Balbino, iG São Paulo

Fascinado pela própria imagem, o xerife também proíbe os presos de escrever cartas, com a justificativa de que poderiam usar os envelopes para transportar drogas. Para que possam se comunicar com a família, eles recebem cartões-postais impressos com imagens do xerife. “Quando os parentes recebem a correspondência, veem a mim”, disse orgulhoso.

As características incomuns do sistema prisional de Arpaio não atraem apenas visitantes esporádicos. Nascido no Estado de Indiana e com a ideia de mudar-se para mais perto da Costa Oeste dos EUA por causa da família de sua mulher, o oficial Bunch contou que descobriu Tent City navegando na internet.

“Imediatamente quis trabalhar aqui. Então me candidatei e fui chamado”, contou. Por que se interessou tanto pela prisão atípica? “Ela é a céu aberto, então dá para respirar o ar fresco e sentir o sol”, disse, para completar: “E também posso manter meu bronzeado.”