Promotores que revelaram ligação entre agentes do Denarc e tráfico são ameaçados

23-11-2013 20:53
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    Operação do Ministério Público de São Paulo e da Corregedoria da Polícia Civil prendeu policiais do Denarc em São Paulo e em Campinas

    Operação do Ministério Público de São Paulo e da Corregedoria da Polícia Civil prendeu policiais do Denarc em São Paulo e em Campinas

Promotores do Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) de Campinas (a 93 km de São Paulo) afirmaram nesta quinta-feira (12) que estão sendo ameaçados e intimidados depois que denunciaram, em julho, o esquema envolvendo policiais civis, entre eles membros do Denarc (Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico), que cobravam propina dos traficantes que atuavam na região do bairro São Fernando para facilitar a ação da quadrilha de Wanderson de Paula Lima, o Andinho. Em troca, os policiais recebiam pagamento anual que chegava a R$ 300 mil.

Um dos envelopes entregues à sede do Gaeco em Campinas foi carimbado em São Paulo e datado de 22 de julho, uma semana após a divulgação do esquema. A correspondência era destinada ao promotor Amauri Silveira Filho, mas continha ameaça de morte a ele a outro promotor, além de informações pessoais e fotos da casa dele e de familiares. A carta estava assinada como "chumbo grosso com munições".

De acordo com o promotor, o texto o ameaçava de "levar tanto tiro de AR15, que a perícia não vai nem conseguir contar as perfurações". Além disso, em um outro trecho, o autor exige que policiais do Denarc não sejam mais "sacaneados".

Silveira Filho também contou que recebeu outras cartas que mencionavam as famílias dele e dos outros promotores envolvidos na investigação. Nesta quinta-feira (12), o Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, Marcio Fernando Elias Rosa, esteve em Campinas para acompanhar o caso e ressaltou que as ameaças já eram previsíveis.

Segundo a assessoria do MP, Elias Rosa também afirmou que os promotores não terão segurança reforçada e que os instrumentos disponíveis a eles serão os mesmos disponíveis a qualquer cidadão, como a Polícia Militar e a Polícia Civil.

No início desta semana, a Justiça aceitou a denúncia dos promotores contra 23 acusados --12 policiais e 11 traficantes. O grupo é acusado de extorsão mediante sequestro, formação de quadrilha, roubo, falsidade ideológica, tortura e associação ao tráfico. Dos 23 réus, 21 tiveram a prisão preventiva decretada, sendo que quatro foram presos esta semana e um continua foragido. Os outros 16 já estavam detidos antes dos mandados expedidos pela Justiça.