Réu tomou armas de agentes e baleou um policial no Fórum de São Luís. 'Não há o que questionar', disse subdelegado geral Augusto Barros.
01/08/2014 09h04 - Atualizado em 02/08/2014 14h59
'Houve falha', afirma subdelegado geral sobre tiroteio em fórum no MA

O subdelegado geral de Polícia Civil Augusto Barros afirmou, em entrevista ao Bom Dia Mirante nesta sexta-feira (1º), que houve falha na escolta que fazia a segurança do preso Erinaldo Almeida Soeiro, que conseguiu tomar a arma de dois agentes penitenciários e atirar contra o policial civil Enedias Chagas Neto durante audiência na 4ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Desembargador Sarney Costa, em São Luís.
“Houve uma falha na escolta. Isso não se pode questionar. Houve a ausência de protocolos únicos de segurança”, afirma Barros.
Sobre a falta de organização dentro do Fórum Desembargador Sarney Costa, Augusto Barros disse que há a necessidade de promover um sistema que promova mais segurança no ambiente.
"Há a necessidade da implantação de um programa de segurança orgânica, para propiciar um controle de acesso às entradas, um monitoramento através de portais, esteiras com raio-x e, aí sim, termos o ambiente sob controle", explica.

Para o presidente da Associação dos Magistrados do Maranhão Gervásio Protásio, é preciso rever os riscos de um policial armado dentro do fórum e interpretar melhor a resolução 176, que versa sobre a segurança no ambiente.
"É óbvio que se um policial está armado, aquilo coloca em risco não apenas a outra parte, como os juízes e servidores. Este episódio não está diretamente relacionado com o ingresso de armas no fórum, poderia ter acontecido ainda que não houvesse a resolução 176, que visa garantir a segurança de juízes, servidores e todos que participam do cotidiano do fórum. Creio que precisamos interpretar melhor essa resolução", explicou.
O presidente da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (AMPEM) José Augusto Cutim também se pronunciou sobre o assunto.
"A culpa é de todos nós. Acredito que todo o sistema está equivocado. Nós precisamos criar um protocolo de segurança. Não podemos só pensar no magistrado, no membro do Ministério Público ou no advogado, mas em todas as pessoas que circulam pelo fórum. Temos que entender, também, que um policial em serviço sem arma não serve para absolutamente nada, a não ser para pôr a própria vida em risco", explica.
Entenda
Erinaldo Almeida Soeiro prestava esclarecimentos sobre um duplo homicídio cometido em São Luis há dois anos. Ele estava sendo escoltado por um agente penitenciário. Quando a audiência terminou o juiz que estava presidindo a oitiva autorizou a retirada das algemas.
Depois de pegar a arma do primeiro agente, o preso saiu para o corredor do fórum e tomou a arma de mais um agente que estava no mesmo andar. Foi quando ele encontrou o Policial Civil, Enedias Chagas Neto, que estava acompanhando um outro policial. Enedias foi atingido no pescoço e levado para um hospital particular. Já Erinaldo recebeu os primeiros atendimentos no fórum até a chegada da ambulância.
Outros presos que também estavam prestando depoimento foram levados de volta ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas. O expediente no fórum continuou durante a tarde.